segunda-feira, 11 de novembro de 2013

C'est la vie - #25

Colocámos as malas no carro, demos dois beijos à amiga da nossa mãe, olhámos para cima e fizemos adeus à nossa avó que estava à janela de um 10º andar. Sentei-me no lugar da frente e o meu irmão atrás, acompanhado de um grande peluche que a minha madrinha me tinha oferecido. O carro começou a trabalhar e a minha mãe arrancou. Soou dois apitos do carro e as nossas mãos fora das janelas abanaram. Lembro-me de olhar para a minha mãe e vê-la a derramar-se em lágrimas. Meti um dos CDs da minha banda favorita a dar no carro. Fez-me esquecer tudo.
Foram umas longas horas de viagem, e quando chegou à minha vez de ir dormir um pouco, foi tiro e queda. Não me lembro de nem sequer forçar o sono. Acordei com um bater forte do coração, provavelmente estava a sonhar. O meu irmão, dormia no banco da frente. "Então, ele adormeceu?" - perguntei. "Sim. Veio para o banco da frente e adormeceu. Vamos parar para dormir." "Está bem..." - respondi. Caí no sono novamente e acordei com um calor abrasador. Estávamos numa estação de serviço algures em Espanha e o sol estava de frente para o carro, o que formou uma sauna ali dentro. Quando a minha mãe acordou e petiscámos qualquer coisa, metemos-nos à estrada novamente. Eu ia à frente novamente a cantar como uma fanática dos 30 Seconds To Mars. Eles animaram aquela viagem. Já estava a ficar cansada da viagem e ao final da tarde, prestes a sair de Espanha, parámos noutra estação de serviço. Estava a ficar frio e as nuvens cinzentas ocupavam o céu, deitando algumas gotas de chuva. Entrámos numa típica loja ao lado da bomba de gasolina. Com chocolates... Tudo e mais alguma coisa. A minha mãe pegou numas bolachas e fomos direitos ao carro. Eles foram à casa de banho enquanto eu permaneci encostada à nossa viatura. Montes de espanhóis com camisas das suas equipas favoritas, a falar aquela língua rápida que não se percebe nada. Aparentemente, ia dar algum jogo de futebol importante. Apesar dos espanhóis, via-se também, muitos carros portugueses. Afinal, não éramos os únicos naquele barco. Muita gente decidira sair do país. Compreensível...