quarta-feira, 6 de novembro de 2013

C'est la vie - #21

Os dias seguintes foram bastante repetitivos. Acordar, despachar, almoçar, sair de casa, ir ter com o David e com o resto do grupo de amigos e despedir-me. Estava cada vez a ficar mais apertado. Sim, o meu coração. Não me sentia triste. Sentia-me livre... Mas ia deixar o meu melhor amigo, a pessoa que me apoiava em tudo e que não tinha medo de desabafar comigo. O que ia ser de mim? Será que ia aguentar a pressão de estar num sítio novo, sem conhecer ninguém e sem com quem desabafar?

Era a última noite. O meu primo convidou-me a mim, ao meu irmão e ao David para irmos dormir à casa dele na nossa última noite. Então fomos. Agarrei-me ao computador a jogar, para não pensar muito naquilo que se ia passar dali a umas horas. O David estava sentado a meu lado e observava-me. Eu evitava os seus olhos. Era fracções de segundos dolorosos quando os seus olhos me fitavam e às vezes cruzando-se com o meu olhar. A sua mão calorosa, juntou-se à minha. Entrelaçámos os dedos e senti-o a tremer. Estava nervosa, mas sabia que ele estava feliz por estar assim comigo.
Quando me deu o sono, fui para a sala ver televisão à espera de adormecer. Ele deitou-se ao meu lado e abraçou-me. "O que vai ser de mim sem ti?" - perguntou-me. Não lhe respondi, simplesmente abracei-o com mais força. "Fica comigo."- disse-me, quase implorando e com a voz trémula.