quinta-feira, 10 de outubro de 2013

C'est la vie - #16

Então com o andar das coisas, ele pediu-me por tudo para voltar. E eu sem pensar duas vezes quis aceitar.
Era de noite e ele estava no piso das raparigas para se despedir de mim, deu-me um beijo e foi-se embora.
Deitei-me a pensar nele, e caí no sono. Estava feliz... Mas isso estava prestes a acabar, logo no pequeno-almoço. O João começou a fazer coisas imbecis mesmo à minha frente, como tocar na perna da amiga, fazer-lhe festas... Tal e qual como ele me fazia. As lágrimas enchiam-me os olhos, não de tristeza. Mas de raiva. Raiva por ele ser tão criança e tão insensível comigo. Se ele sabia perfeitamente como eu era frágil, porque é que ele me fazia isto? Porque é que ele insistia em magoar-me? Porque é que ele queria simplesmente brincar com os meus sentimentos? São perguntas aos quais ainda hoje não sei responder, e nem ele próprio me diz algo concreto. Levantei-me, friamente e dirigi-me à casa de banho. Estava prestes a explodir de choro quando me cruzo com a Joana. Baixinha, da minha altura, com cabelos negros super compridos, olhos castanhos claros e lábios doces e fininhos. Agarrou-me nos braços e perguntou-me: "O que se passa?". Não consegui responder, porque o nó na garganta era tanto que me limitei a abraçá-la e chorei. Entre soluços disse: "É ele...". Ela largou-me calmamente e disse entre dentes: "Já sabia. Ela vai-me ouvir!". De súbito, a Joana move-se em direcção ao refeitório bruscamente, então exclamei: "Espera! A culpa não é dela! É dele!". "E dela, porra! Achas normal o que ela está a fazer? A deixar isto andar?!". Não tive tempo de responder, quando ela se encontra com ele. Eu entretanto, atuei como uma cobarde e saí dali. Ainda a ouvi dizer: "Tu és estúpido ou fazes-te?..."
Acordei dos meus pensamentos, voltando a respirar quando a Joana me toca no ombro. Não sei quanto tempo passou, o suficiente para todos os escuteiros já estarem cá fora a brincar e sentados a conversar. "Princesa, ele hoje à noite vai falar contigo... E eu vou estar presente e dizer tudo aquilo que penso. Mas não fiques mais triste, tu és linda e quero ver-te sempre a sorrir."- disse a Joana.