quinta-feira, 3 de outubro de 2013

C'est la vie - #15

O David disse-me que não valia de nada eu estar tão triste e animou-me como só ele sabe fazer. Com aquelas loucas expressões faciais que mais ninguém consegue imitar e com aquelas saídas de doido. Eu adoro a nossa amizade. É simplesmente única. E provavelmente na minha vida inteira, é a segunda pessoa a quem confiei e confio tudo. Os meus medos, os meus pensamentos, as minhas ambições... E ele igualmente. Ele conta comigo para tudo. Para mim, isso é essencial numa boa amizade. Confiança. Sem isso, nunca vai ser uma verdadeira amizade. Ele é sempre honesto e querido comigo. Apesar desta grande amizade, nunca o vi como mais que um amigo.
Muita gente chegou-me a ofender chamando-me nomes grosseiros porque eu não namorava com ele e lhe dava falsas esperanças. Eu jamais faria-lhe isso. Desde o início que ele começou a sentir algo por mim eu disse-lhe que não iria passar dali, porque ainda estava muito ligada ao João. Por ter sido o primeiro, por ter sido sério para mim. Levei-o muito a sério e as suas atitudes magoavam-me bastante, daí eu perder-me em lágrimas muitas das vezes, mas mesmo assim continuava a gostar dele e ignorar toda a gente que dizia que ele não prestava. Por vezes, dava por mim a pensar seriamente nessas palavras: ''Ele não presta.'' Mas eu achava impossível, o meu primeiro amor, o meu príncipe, não prestar. Era impossível para mim. Mesmo assim, o David insistia: ''Princesa, ele só te vai sofrer. Abre os olhos, por favor...''
''Não! Ele mudou! Eu sei que sim.''- defendia.
''Tu é que sabes, vou cá estar sempre para te apoiar.''
Já na atividade dos escuteiros, o João tentou aproximar-se de mim. E tudo começou nas várias viagens de autocarro que fazíamos. Ele fazia-me festinhas na perna e olhava-me como se não houvesse amanhã. Aqueles olhos verdes acastanhados...